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Mulher exausta com a cabeça apoiada sobre a mesa, simbolizando dor crônica e fadiga, possíveis reflexos de desequilíbrios sistêmicos como problemas na saúde bucal.

Dor crônica e enxaqueca em mulheres.
Por onde começar a investigar?
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Você já passou por médicos, exames, terapias… mas a dor continua ali. Persistente, silenciosa, cansativa. Enxaquecas frequentes, desconfortos abdominais, sensibilidade generalizada. E se eu te dissesse que essa dor pode estar nascendo onde você menos imagina?

Sim, dentro da sua boca.

Um estudo publicado recentemente na Frontiers in Pain Research revelou algo que pode transformar a forma como olhamos para a dor nas mulheres: a saúde bucal precária está diretamente ligada a quadros de dor crônica, como enxaqueca, fibromialgia e dores intestinais. E sim, isso eu já observo na minha pratica e já trouxe alguns conteúdos sobre isso.

DOR E BOCA ESTÃO MAIS CONECTADAS DO QUE SE PENSAVA

Pesquisadores acompanharam 158 mulheres e identificaram que aquelas com pior saúde bucal relataram níveis mais altos de dor no corpo. Metade delas sofria de enxaquecas frequentes — e não por acaso.

A explicação está no microbioma oral: a comunidade de bactérias que habita sua boca. Quando esse ecossistema entra em desequilíbrio, ele não fica restrito aos dentes ou gengivas. Essas bactérias podem viajar pelo sangue e impactar o cérebro, o intestino e o sistema nervoso, ativando inflamações silenciosas que alimentam a dor.

BACTÉRIAS ORAIS: AS PEQUENAS VILÃS DA DOR SISTÊMICA

Quatro espécies foram encontradas com maior frequência em mulheres com dor crônica:

Parvimonas micra

Solobacterium moorei

Dialister pneumosintes

Prevotella denticola

Essas bactérias estão ligadas a doenças gengivais, halitose e até infecções sistêmicas. Além delas, o estudo apontou a presença de Mycoplasma salivarium (comum em quem tem disfunção na ATM) e Gardnerella vaginalis, ligada a maior dor e saúde bucal debilitada.

Um detalhe importante: mulheres com enxaquecas e dores abdominais apresentaram uma menor diversidade de bactérias boas na boca. Ou seja, quando a flora está pobre, as bactérias ruins tomam conta — e o corpo todo sente.

Essas bactérias ativam substâncias inflamatórias como o CGRP e o VEGF — que estão diretamente ligadas às crises de enxaqueca, à fibromialgia e à inflamação dos nervos.
Isso significa que, ao cuidar da saúde da sua boca, você também está regulando sua resposta à dor sistêmica.

E se você está passando pela menopausa, atenção redobrada: as flutuações hormonais dessa fase agravam os desequilíbrios orais, como boca seca e gengivite, o que pode intensificar ainda mais os quadros dolorosos.

O QUE FAZER PARA ROMPER O CICLO DA DOR?

Seu microbioma bucal pode ser restaurado — e isso muda o jogo. Aqui vão práticas que eu recomendo na odontologia integrativa:

Abandone os enxaguantes bucais agressivos
Eles matam até as bactérias boas. Prefira soluções naturais

Use raspador de língua e creme dental suave (sem flúor ou triclosan)
Isso ajuda a reduzir a carga bacteriana sem causar desequilíbrios.

Experimente o bochecho com óleo de coco
Uma prática ancestral que ajuda a equilibrar naturalmente a flora oral.

Evite açúcar e ultraprocessados
Esses alimentos alimentam justamente as bactérias que causam inflamações e dor.

Cuide do intestino junto com a boca
Seu sistema digestivo influencia diretamente a saúde oral — e vice-versa.

Alimente seu corpo com fibras e gorduras saudáveis
Frutas com polpa, arroz integral e manteiga de qualidade ajudam a reconstruir o equilíbrio microbiano.

Busque uma odontologia que vê você como um todo
A saúde da sua boca é a porta de entrada para a saúde do seu corpo inteiro.

A BOCA É A ENTRADA DO CORPO — E DA SUA SAÚDE INTEGRAL

Nós, mulheres, passamos por muitas transformações hormonais ao longo da vida. E cada fase traz desafios únicos. Mas também abre portas para o autoconhecimento, o autocuidado e a transformação.

Se você está lutando contra dores persistentes, talvez seja hora de olhar para onde ninguém olhou: sua saúde bucal.

Com pequenas mudanças, é possível reequilibrar o microbioma oral, reduzir inflamações e sair do ciclo da dor. Porque viver com dor não é normal. E tratar a dor começa por ouvir o que o corpo está sussurrando. Muitas vezes, os primeiros sinais estão na boca.

Fonte: https://doi.org/10.3389/fpain.2025.1577193

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